sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Escrever é uma dor

“Ninguém ama escrever, escrever é uma dor.” Li essa frase a algum tempo atrás em uma entrevista que o guru dos roteiros de Hollywood, Robert McKee, deu ao Estadão. Nessa reportagem ele falava sobre a dificuldade da escrita, sobre o quão trabalhoso é para se conseguir desenvolver uma ideia, onde, é necessário, nos sentarmos na cadeira, nos concentrarmos e nos esforçarmos para tal. Tirando Pablo Neruda, que um dia falou: – Escrever é fácil: Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias. Acredito que o desenvolvimento de ideias interessantes, deve ser trabalhoso para todo mundo.

Estava eu, hoje de manhã, a caminho do trabalho e pensando em tudo isso. Perdida em meus pensamentos e com dificuldade de encontrar um assunto, em que eu acreditasse, que realmente valeria a pena discorrer sobre. Foi nesse momento, que eu percebi que havia passado da entrada que precisava pegar na marginal e que, com isso, seria preciso fazer um retorno a, no mínimo uns 10 km a frente.  No meio disso tudo, sobre encontrar um tema, aliado a minha falta de atenção ao desenvolver a ação que eu estava fazendo naquele momento, BINGO, lembrei de uma palestra, que um amigo me passou a pouco tempo atrás, onde o “palestrante” indagava as pessoas sobre o fato delas estarem realmente ouvindo o que ele estava falando. Não apenas escutando, mas ouvindo, com toda a sua atenção, com todo o seu ser, sem fazer julgamentos, apenas ouvindo e assimilando, como a real pureza do ato de escutar alguém ou alguma coisa, estar 100% presente, focado na pessoa e no assunto que estava sendo discutido.

Em nossa sociedade atual, um dos novos hábitos desenvolvidos é o costume de estarmos, 24h por dia, conectados com nossas respectivas “vidas” online. As pessoas estão adquirindo o costume de, ao mesmo tempo em que estão conversando com um amigo, independente da situação, encontro no bar, almoço, entre outras atividade, estão também, conectadas ao celular, checando se tem novas atualizações no Facebook, Twitter, Gtalk, Whatsapp entre outros diversos e atuais recursos de “conectividade”. Desenvolveu-se o desejo, de estar sempre em vários lugares ao mesmo tempo. Ser sempre o primeiro e dessa maneira, nunca perder o último acontecimento na vida daquela sua amiga que, assim como você, foi encontrar uma outra amiga no bar e também está postando fotos "a live" no Instagram e Facebook, de como feliz está sendo aquele “encontro”

 Com essa atitude, deixamos de dar a devida atenção, aquela pessoa que, nos propusemos a passar algum tempo juntos na vida "offline". Estamos nos tornando cada vez mais individualistas, onde o mais importante, deixou de ser viver a vida de forma plena. Agora, o principal é ser sempre o primeiro, ter mais likes, mais amigos, mais comentários, receber mais mensagens, etc. É sempre mostrar o quão feliz você é e está, ao invés, de realmente viver o momento presente. Adquirimos a “habilidade” de estar 100% de corpo presente, mas não passamos de 60% de presença espiritual. São nesses momentos, que o “desenvolvimento” tecnológico, começa a trabalhar em nossas vidas de forma negativa.  Precisamos, antes de tudo, aprender a equilibrar a vida online e off-line para que elas não interfiram, de forma negativamente, uma na outra. É essa frieza de relacionamentos e descartabilidade que você realmente deseja para sua vida?

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