“Ninguém ama escrever, escrever é uma dor.”
Li essa frase a algum tempo atrás em uma entrevista que o guru dos roteiros de
Hollywood, Robert McKee, deu ao Estadão. Nessa reportagem ele falava sobre a dificuldade da
escrita, sobre o quão trabalhoso é para se conseguir desenvolver uma ideia,
onde, é necessário, nos sentarmos na cadeira, nos concentrarmos e nos
esforçarmos para tal. Tirando Pablo Neruda, que um dia falou: – Escrever é fácil: Você começa com uma
letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias. Acredito
que o desenvolvimento de ideias interessantes, deve ser trabalhoso para todo
mundo.
Estava eu, hoje de manhã, a caminho do
trabalho e pensando em tudo isso. Perdida em meus pensamentos e com dificuldade
de encontrar um assunto, em que eu acreditasse, que realmente valeria a pena discorrer
sobre. Foi nesse momento, que eu percebi que havia passado da entrada que
precisava pegar na marginal e que, com isso, seria preciso fazer um retorno a,
no mínimo uns 10 km a frente. No meio
disso tudo, sobre encontrar um tema, aliado a minha falta de atenção ao
desenvolver a ação que eu estava fazendo naquele momento, BINGO, lembrei de uma
palestra, que um amigo me passou a pouco tempo atrás, onde o “palestrante”
indagava as pessoas sobre o fato delas estarem realmente ouvindo o que ele
estava falando. Não apenas escutando, mas ouvindo, com toda a sua atenção, com
todo o seu ser, sem fazer julgamentos, apenas ouvindo e assimilando, como a
real pureza do ato de escutar alguém ou alguma coisa, estar 100% presente,
focado na pessoa e no assunto que estava sendo discutido.
Em nossa sociedade atual, um dos novos
hábitos desenvolvidos é o costume de estarmos, 24h por dia, conectados com nossas
respectivas “vidas” online. As pessoas estão adquirindo o costume de, ao mesmo
tempo em que estão conversando com um amigo, independente da situação, encontro
no bar, almoço, entre outras atividade, estão também, conectadas ao celular,
checando se tem novas atualizações no Facebook, Twitter, Gtalk, Whatsapp entre
outros diversos e atuais recursos de “conectividade”. Desenvolveu-se o desejo,
de estar sempre em vários lugares ao mesmo tempo. Ser sempre o primeiro e
dessa maneira, nunca perder o último acontecimento na vida daquela sua amiga
que, assim como você, foi encontrar uma outra amiga no bar e também está
postando fotos "a live" no Instagram e
Facebook, de como feliz está sendo aquele “encontro”
Com
essa atitude, deixamos de dar a devida atenção, aquela pessoa que, nos
propusemos a passar algum tempo juntos na vida "offline". Estamos nos tornando
cada vez mais individualistas, onde o mais importante, deixou de ser viver a
vida de forma plena. Agora, o principal é ser sempre o primeiro, ter mais
likes, mais amigos, mais comentários, receber mais mensagens, etc. É sempre
mostrar o quão feliz você é e está, ao invés, de realmente viver o momento
presente. Adquirimos a “habilidade” de estar 100% de corpo presente, mas não
passamos de 60% de presença espiritual. São nesses momentos, que o “desenvolvimento”
tecnológico, começa a trabalhar em nossas vidas de forma negativa. Precisamos, antes de tudo, aprender a
equilibrar a vida online e off-line para que elas não interfiram, de forma
negativamente, uma na outra. É essa frieza de relacionamentos e descartabilidade
que você realmente deseja para sua vida?
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