quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Corinthians e a criança mimada




Ontem sai tarde do trabalho, devido a isso, voltei para casa de taxi. – Taxista gosta de falar, não é mesmo? – Como era noite de jogo e ele corinthiano, estava assistindo/ouvindo o jogo pelo DVD/TV que tem no carro. Quando entrei no carro, estava na hora no intervalo, onde era transmitido aquela costumeira conversa entre narradores sobre os melhores momentos do primeiro tempo. O assunto abordado era a falta que a torcida fazia e como o Corinthians estava lidando com isso. Nesse cenário, após ter desenvolvido aquela falsa sensação “intimidade”, ele diz: olha só, não é uma injustiça sermos punidos, "SÓ" porque um menino morreu?

Minha cabeça rodou, o que eu estava escutando não poderia ser verdade. Senti um aperto no peito e uma sensação de raiva ao mesmo tempo. Quando respondi, ele ficou surpreso, definitivamente não esperava minha resposta, em total desacordo com sua opinião. Ninguém em sã consciência, consideraria essa morte apenas como mais uma. O adolescente que faleceu tem nome, Kevin Douglas Beltran Espada, 14 anos. Ele não "morreu", foi morto por um torcedor corinthiano. Morto, morrido, matado, esse, é seu status atual. Teve sua vida, brutalmente interrompida durante um jogo de futebol, CorinthiansXSan José, partida essa, que deveria proporcionar alegria às pessoas e não tristeza. 

No fatídico 20 de fevereiro de 2012, inúmeras imprudências ocorreram. Podendo ser citado desde falhas de segurança, que permitiu a entrada de torcedores portando “armas”, até o bom senso e resposabilidade do torcedor quanto ao manuseio do sinalizador. O fato, por si só, já pode e deve ser considerado chocante/fora da realidade, mas, mais chocante ainda, são os fanáticos torcedores do Corinthians, que consideram a punição uma “injustiça”, pois, o time e todos os torcedores estão pagando pelo “acidente”. – Não podemos mais tratar como acidentes os inúmeros casos de violência que ocorrem entre torcedores. O histórico é longo, e a tendência, têm sido piorar. –

Me pergunto, qual a importância, que nós, como sociedade, estamos dando para a vida? Acredito que não muita, pois, partir do momento que um jogo de futebol é considerado mais importante do que a vida de alguém, alguns valores morair e éticos acabaram sendo invertidos. Será que, desaprendemos a identificar, o que é, e o que não é prioridade? O fato é que, o Corinthians jogar, com ou sem torcida, não tem a menor importância.

Acredito que todos nós estamos habituados ao ato de colocar crianças de castigo, – com intuito educativo,– quando elas fazem algo de errado. Pois bem, eis ai, o retrato perfeito da torcida do Corinthians. Uma criança grande, que merece umas boas palmadas e permanecer de castigo por um longo período. 

Espero que a punição que está sendo aplicada ao time do Corinthians sirva de exemplo para todos os outros times e torcidas, para que assim, se desenvolva uma maior conciência para com nossos próprios atos.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Calar, é dizer não,
sem dar um tapa na cara.
Rafael Pádua

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

As coisas mais surpreendentes, 
possuem um gostinho mais adocicado.

Juliana Nobre

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Não existe qualidade sem profundidade




Quando iniciei esse blog tinha apenas dois objetivos, estes eram: tentar superar um pouco minha dificuldade de escrever e tentar passar para o papel – nesse caso um blog  – um pouco sobre meus pensamento e ideias, para assim, organizar melhor as coisas na minha cabeça.
 

Nesse mesmo período, me afastei do Facebook pois desejava experimentar o que a ausência da rede social poderia me trazer. Diversos amigos me procuraram, curiosos em saber como estava sendo esse período de afastamento e algumas pessoas, se mostraram envergonhadas, em confessar que sentiam vontade de fazer o mesmo, mas não possuíam coragem, pois, acreditavam/acreditam que o Facebook as “aproximam” de algumas pessoas.


A minha resposta para todas essas pessoas foi, desde o início, a mesma: Esse sentimento de proximidade, que a rede social traz, não passa de uma falsa ilusão. Só estará ao seu lado, lutando contra as adversidades da vida e compartilhando seus altos e baixos aquele que verdadeiramente desejar estar. 

Além disso, percebo na rede um “excesso” de amizades. Será que é realmente importante manter contato com aquele “amigo” que você conheceu no curso de inglês, do qual participou por 3 meses, e depois nunca mais viu na vida? Ou então, aquele “amigo” que você fez, no período que estava empolgado com a academia, mas que claro, você largou depois de 2 meses? Ou ainda, aquela “amiga” chata de colégio, que na verdade, vocês nunca se deram bem? Mais importante do que isso, me reservo no direito de "perguntar", se você realmente consegue manter contato com todos os habitantes da sua tão querida lista de "amigos"? Devo confessar: eu não consigo e também não considero necessário manter contato ou compartilhar minha vida com todos que por ali circulam

Vivemos em uma sociedade cada vez mais líquida, não construímos nada que seja feito para durar, inclusive nossos laços afetivos. Em nossa forma mais egoísta, é sempre cada um por si. Esquecemo-nos que relacionamentos são construídos com base na confiança, são feitos de pessoas que estão ali para o que der e vier, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza – Clichê, mas real –. Relações essas, que são impossíveis de serem construídas se você foge aos inconvenientes da vida offline. – Infelizmente, algumas pessoas ainda não perceberam que não existe qualidade sem profundidade. –

Em uma entrevista, Zygmout Bauman, diz: “é bom lembrar que o amor não é um “objeto encontrado”, mas um produto de um longo e muitas vezes difícil esforço e de boa vontade”. Essa “idéia” desenvolvida por ele, não é de exclusividade das relações amorosas, mas sim, de todas as relações desenvolvidas por nós, seres humanos. Vivemos em uma sociedade amedrontada pela neurose da rejeição. Ao menor sinal de problema ou crítica, nos adiantamos, e damos o primeiro passo: rejeitamos, para não sermos rejeitados. Assim, ciclicamente, substituímos aquele que não nos serve mais, sem nos apegarmos a nada nem a ninguém. Deixamos de dar importância para a qualidade, e por conseguinte, abrimos espaço e exaltamos cada vez mais a quantidade.

Esquecemos que relacionamentos são construídos com base no afeto, na cooperação, no respeito, na confiança, na lealdade, etc. Precisamos aprender a dividir e a ver os relacionamentos, não como uma prisão, mas sim, como uma chave para a liberdade, onde só conseguiremos atingir essa "liberdade", se aprendermos a confiar mais uns nos outros.

Deixo com vocês um curta extraordinário, “Head Over Hells”, que recebi de um amigo e que com toda certeza vale o clique. Não apenas para assistir, mas para ver e absorver. Foi desenvolvido pelo americado Timothy Reckar com a técnica de Stop Motion e foi o vencedor do Anima Mundi 2012.
A história gira em torno de um casal que, mesmo vivendo na mesma casa e estando “conectados” 24h por dia, acabam por ser afastar. A grande verdade é que ambos vivem “sozinhos”, – como muitos de nós,– imersos no individualismos.

Estarmos “conectados” 24h por dia, nos não deixa mais próximos de ninguém. Impossível não se identificar e se emocionar. 




PS1: a imagem inicial do post pertence ao projeto de um amigo chamado Eu me chamo Antônio.


domingo, 24 de fevereiro de 2013

As coisas que eu mais gosto são aquelas
que não podem ser tocadas.

Juliana Nobre

sábado, 23 de fevereiro de 2013

O amor nunca realizado


Ele, vindo do nordeste para tentar a sorte na cidade grande, chegou em São Paulo, no dia 01 de Abril. Até parece brincadeira referente ao dia da mentira, mas nesse dia, ocorria a “Marcha das Vadias”, na famosa Avenida Paulista.

Ele estava lá, nunca tinha visto um protesto, ainda mais como mulheres nuas. Onde já se viu, desde quando mulher precisa tirar a roupa pra fazer manifestação? Foi no meio desse caos, que seus olhos avistaram uma menina magricela, cabelo rosa, nua e toda suja de tinta. Ficou ruborizado de pronto, nunca antes havia visto uma mulher pelada à sua frente. Seus olhos se encontraram, ela caminhou ao seu encontro, vociferava palavras como machismo, estupro, corpo, vadias, crime e diversas expressões que ele não entendia os significados.

A marcha continuava, eles caminhavam e reivindicavam lado a lado, mesmo sem saber exatamente o quê ou para que. Os jornais estavam todos lá, a registrar. Caminharam a Paulista inteira, horas gritando e protestando. Quando a marcha terminou, olharam-se, despediram-se com um sorriso e cada um seguiu seu caminho, como normalmente acontece entre dois desconhecidos.

No dia seguinte, uma foto e um jornal. Estampavam a primeira página, em destaque.

Quem era aquela mulher? Nem ele sabia.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Jesus, é a maior prova, de que fazer o bem
esperando algo em troca, NÃO funciona.

Juliana Nobre

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Yoani Sánches e a hostilidade brasileira




Vivemos em um país onde, após inúmeras lutas, vencemos a ditadura, e atualmente, todo e qualquer brasileiro, tem o direito de participar da vida política do país, assim como também tem assegurado o direito à liberdade de expressão. – Liberdade essa, muito bem aproveitada, por todos nós brasileiros – E é por essa liberdade, que alguns, se sentem no direito de hostilizar a cubana, Yoani Sánches, que após 6 anos, tentando conseguir visto para sair de seu país de forma temporária, finalmente conseguiu a autorização, após a reforma política migratória, realizada por Raúl Castro.

Não pretendo entrar aqui no mérito de Yoani ser ou não financiada pelos EUA e pelo FMI – como alguns manifestantes a acusam – e sim, para falta de sensibilidade que alguns brasileiros – que vivem em uma sociedade capitalista e democrática – para com a visitante cubana. Neste “Brasil nosso de cada dia”, existem muitas incoerências, e muitas são as que ultrapassam os limites. – onde classifico esse caso.

O que me deixa surpresa, é que vivemos em uma sociedade que a muito tempo não sofre censuras, o acesso a internet é crescente a cada dia, as opiniões políticas são expressadas livremente, temos facilidade e amplo acesso a itens de higiene pessoal, liberdade para viagens ao exterior, entre tantos outros direitos que os cubanos, que vivem em um regime comunista/socialista, não possuem. Apesar de todo esse acesso, liberdade e conhecimento que possuímos, nos sentimos no direito de julgar e recriminar uma mulher que expressa sua opinião sobre os malefícios do sistema em que seu país está inserido.

Em todos os sistemas, seja ele capitalista, socialista, comunista, democrático, etc. existem benefícios e malefícios. Penso, que não temos o direito e conhecimento o suficiente, para criticar ou defender uma realidade que não conhecemos verdadeiramente. Ler Karl Marx e conhecer a história de Che Guevara não transforma ninguém em um socialista. Deve-se primeiramente viver longos anos, dentro daquele regime imposto, antes que possamos apontar o dedo e "condenar" alguém que critica o regime político que seu país está inserido. – Até porque, nós brasileiros, temos nossas necessidades supridas quase que automaticamente através do dinheiro. Quando necessitamos de um sabonete ou uma pasta de dente, corremos ao supermercado e compramos em menos de 5 minutos.

Toda e qualquer desaprovação à cubana por causa das críticas que ela faz a seu próprio país deveria vir acompanhada de um “atestado de vivência”, para que fique comprovado, que realmente sabe-se do que se está falando. – Um diploma de Bacharel em Ciências Sociais nesse caso não se aplica. –



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Somos uma sociedade escravizada.
Escravidão esta, nunca vista antes, que
não escolhe cor, raça, credo ou classe social.
Somos escravos do dinheiro
e não temos perspectiva de liberdade.

Juliana Nobre

Freudian Warning. The use of pigs to represent capitalist desires of “having more” may be an unintentional slip.
Please review. Thank you, Jilly Ballistic

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Sociedade Mecânica - Uma análise ao livro Laranja Mecânica


Violento, sádico, anarquista, este é Alex, de Laranja Mecânica. Sua maior e talvez única virtude é ser sincero consigo mesmo e com sua própria natureza. Aceita-a genuinamente, sem culpas ou dúvidas. Espanca pessoas, estupra meninas de apenas 10 anos, mata senhoras, tudo isso, sem o menor peso na consciência ou arrependimentos, vive para fazer suas vontades. Essa é sua natureza, e não existe motivo para lutar contra. Acredita que no mundo, existam pessoas boas, assim como existam pessoas más. Na verdade, um dos únicos problemas enfrentados por Alex é o sistema, onde, apenas os bons, tem direito a um lugar ao sol.

 Alex vive esse estupor de sentimentos e realizações até seus 16 anos. Quando, em uma noite, igual a todas as outras, ele e seus amigos invadem a casa de uma senhora, para roubar-lhe seus bens de valor. Inicialmente, tudo ocorre como o planejado por Alex. Uma luta ocorre entre ele e a pobre senhora e no final, como era de se esperar, ele vence. Tudo começa a fugir de seu controle quando ele percebe que seus velhos “druguis*” amigos o traíram. A polícia chega, seus amigos fogem e apenas Alex acaba sendo preso. A pobre senhora, devido aos fortes golpes que recebeu acaba morta e Alex condenado a 14 anos de prisão.

 É neste momento do livro, em que Alex já se encontra à 2 anos na prisão que uma nova reviravolta acontece em sua vida e ele aceita ser cobaia de um novo e revolucionário tratamento, onde receberia sua liberdade após 15 dias. O tratamento ocorre como planejado. Medicamentos e filmes são exibidos para Alex todos os dias, causando-lhe uma “overdose” pelo excesso de perversidades que é obrigado a admirar. Assassinatos, brigas, estupros, sangue, holocausto, etc. Alex é exposto a todo o tipo de crueldade existente no mundo e esse excesso, altera seu modo de lidar com sua própria natureza impiedosa, passando a não suportar mais ver ou fazer maldades. Só de cogitar a idéia, começava a ficava enjoado, sendo assim, conscientemente, obrigado a ter apenas pensamentos bons para poder continuar vivendo. Mas, essa não é a natureza de Alex. Ele é uma pessoa maldosa, e pelo fato de não conseguir ser ele mesmo, desenvolve em si o desejo de morrer, não consegue viver em um mundo, onde precisa a todo momento lutar contra si mesmo.”

Esse “antigo” livro, foi lançado em 1962, por Anthony Burgess. Apesar da data de publicação, esse não poderia ser mais atual. Se deixarmos de lado a idéia de violência desenvolvida por Burgess e prestarmos atenção no conceito de alienação e lavagem cerebral que o governo, a mídia e a publicidade exercem sobre a sociedade, perceberemos, o mesmo retrato de “sofrimento” que o pequeno Alex foi submetido no livro, presente em nossa sociedade moderna. Uma sociedade, onde pessoas nascem e, inconscientemente são modeladas, dia após dias. Sem perceber, esquecem seus direitos de escolha ou poder de tomar decisões. 

A publicidade nasce para criar necessidades. O governo, continua a desenvolver seu trabalho sem investir efetivamente em necessidades básicas como a educação, saúde, segurança. E a mídia deixa de lado seu papel na construção de uma sociedade mais participativa, igualitária e solidária ao visar apenas o lucro, o poder, o prestígio e o domínio das grandes massas.

Segundo Julian Assange, no Brasil, 70% da imprensa está nas mãos de apenas 6 famílias, e são essas poderosas proles que, a partir de seus interesses pessoais, ditam quais são os conteúdos que chegam ou não ao nosso alcance com a devida importância, nos manipulando a partir do ponto de vista dos que estão no poder e nos tratando como fantoches. É essa imprensa que enfatiza, nos emociona e transforma em espetáculos acidentes como o caso da balada Kiss, em Santa Maria – RS, onde morreram 239 jovens. Mas, ao mesmo tempo, é essa mesma mídia que ignora a antiga “tradição”, que acontece no Brasil inteiro, onde milhares de crianças com menos de 13 anos se casam para que possam ter uma vida mais digna. Ou então, com cada mulher que é estuprada a cada 12 segundos no Brasil. Na verdade, não precisamos ir muito “longe”, podemos citar um dos “novos” problemas que assola o Brasil, que é o número crescente de craqueiros.

Tenho certeza que todos ouviram falar, assistiram ou curtiram o carnaval. Durante 4 dias, a cidade parou, para ver a espetacular tradição festiva, transformando o carnaval, no assunto principal. O show é grande e a audiência compra. Agora, permita-me perguntar se você consegue lembrar qual a importância que a mídia deu para a eleição de Renan Calheiros como presidente do Senado, onde foi eleito com 56 votos secretos? Quais canais, falaram/lembraram para os brasileiros quem é Renan Calheiros e quais são os crimes sobre os quais ele é acusado? Provavelmente, você também ouviu falar muito pouco sobre o fato dos parlamentares, que recebem um salário de R$26.700,00, emendarem o feriado de carnaval e voltarão a trabalhar somente segunda-feira, dia 18/02, enquanto nós, reles mortais, voltamos ao trabalho quarta-feira, meio-dia. 

Neste pequeno exemplo que acabei de citar sobre o carnaval, podemos facilmente perceber a influência desses 3 poderes em nossas vidas. A publicidade vende e se apropria do carnaval para assim, vender mais. O governo, impunimente, como sempre fez, toma decisões que irão influenciar a vida de todos nós brasileiros, sem na realidade se preocupar com a opinião da sociedade. A mídia, “vende” o que é mais lucrativo, ao invés de se preocupar com o desenvolvimento da sociedade. A única grande diferença que vejo entre a lavagem cerebral sofrida pelo jovem Alex e a que sofremos é que somos “dominados” com doses homeopáticas, para que não percebamos o que está sendo feito pelos que estão no poder.


Brasil, um país de todos. Será mesmo?

*Druguis - Para o desenvolvimento do livro, Anthony Burgell, desenvolveu um "dialeto nadsat", que são as gírias faladas por Alex e seus amigos. Druguis em nadsat significa amigos.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Quando a ideologia de um homem é verdadeira, ela traz água aos olhos.


Compartilho com vocês, essa despedida emocionante que acabei de ler entre Coronel Moscardó e seu filho, refém, que seria fuzilado se o pai não entregasse o Alcázar de Toledo, durante a guerra civil espanhola:

"Candido Cabello, chefe da milícia em Toledo, telefonou ao Coronel Moscardó dizendo-lhe que se não entregasse o Alcázar dentro de dez minutos, ele, Cabello, matar-lhe-ia o filho, Luis Moscardó, a quem havia capturado naquela manhã. 'E para que veja que é verdade, ele próprio vai falar-lhe', acrescentou Candido Cabello. Então Luís Moscardó disse ao telefone a palavra 'Papai'. 'Que se passa, meu filho?", perguntou o Coronel. 'Nada', respondeu o filho, 'Eles dizem que me matarão se o Alcázar não se render'. 'Se for verdade', replicou  o Coronel Moscardó, 'encomenda a tua alma a Deus, grita 'Viva Espanha' e morre como um herói. Adeus, meu filho, um derradeiro beijo'. 'Adeus, meu pai',  respondeu Luis, 'um beijo bem grande'. Candido Cabello voltou ao telefone e o Coronel Moscardó anunciou-lhe que não precisava de prazo para decidir. 'O Alcázar jamais se rendará', declarou antes de desligar o telefone. Luis Moscardó foi morto a 23 de agosto."
A Guerra Civil Espanhol, por Hugh  Thomas, Editora Civilização Brasileira, 1964, p. 244 


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O mundo, é uma boneca inflável,
que o homem vai foder, até explodir.

Juliana Nobre

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Sinto que não sou boa

“Sinto que não sou boa. Vivo sempre cheia de culpas e dúvidas. Minha cabeça anda pesada, um sorriso no rosto, é quase impossível alguém me tirar. As pessoas sempre me cobram sorrisos e felicidade a todo momento. Meus amigos estão sempre felizes, sei disso, pelas diversas atualizações que eles fazem em suas respectivas redes sociais. Estão sempre a passear com os cachorros, a fazerem atividades físicas, em jantares românticos com os namorados/as, sempre rodeados de amigos/as e, o que me parece mais incrível, percebo-me até no ato de inveja-los, é o quão satisfeitos, aparentam estar, em suas vidas perfeitas

Eu, estou aqui, sozinha, sábado a noite, com uma garrafa de vinho francês pela metade. Não faço nenhuma atividade física, (talvez por isso, eu esteja um pouco acima do peso, deveria seguir meus amigos que vivem se exercitando, dizem que é óoootimo) tenho preguiça. Meus amigos? Eu não sei, devem estar em alguma festinha PVT (Sinceramente, não faz muito meu estilo, mas as vezes eu vou, pois não quero ficar sozinha em casa todas as noites). Meu emprego anda bem, ou não, na verdade, já não sei mais como descreve-lo. Se eu disser que não estou satisfeita, as pessoas podem me julgar, porque afinal, trabalho em uma multinacional e ocupo um cargo de diretoria. Sinto-me cobrada e julgada a todo momento, as pessoas me olham torto quando eu não demonstro estar feliz. Como pode, logo eu não estar feliz, quando todas as outras pessoas ao meu redor enradiam felicidade? Não posso. Vamos lá, cabeça erguida, sorriso no rosto, piada pronta (tenho que ser engraçada também). É isso que as pessoas esperam de mim. Não posso jamais decepciona-las, ao deixar transparecer que não estou tão feliz quanto elas, até porque, pode ser que elas comecem a me excluir caso eu não atenda as expectativas. Mais um dia que vem. Vamos com tudo, Uhuul, alto estima é tudo nessa vida, né gente?!... ” :)

                               *Armelinda de Jesus Aparecida, economista, Diretora Executiva do Banco Zurita.


Esse depoimento, poderia estar sendo dado por mim, ou por qualquer um de nós. Cada dia mais, a sociedade, nos cobra para que sejamos perfeitos, com vidas, impecáveis. Relacionamentos maravilhosos, empregos magníficos, corpos esculturais, amigos ideais, etc. Aí de quem não se encaixa nesse sistema, deve, por si só, perceber a hora de se retirar, pois ninguém deseja ao lado, uma pessoa “incapaz” de ser feliz, que só faz reclamar da vida. Pessoas de mal humor, e com problemas pessoais não são desejadas.

Atualmente, um termo que se ouve muito falar, "Ditadura da Felicidade", onde nos vemos, obrigados, a nos subordinar perante as regras da sociedade, seguir os padrões, onde, a “nova” cobrança, é que sejamos felizes 24h por dia, independente de qual seja o custo.

Nessa “nova/atual” sociedade, ser feliz, perfeito e estar antenado são os requisito básico para a “sobrevivência” e convivência em grupo. Afinal, com todas as cobranças que sofremos diariamente, ninguém quer parecer fraco e muito menos inferior, a quem quer que seja. Necessitamos estar sempre com o corpo perfeito, em um relacionamento impecável, ter o último modelo de smartphone, o último carro do ano, e o mais importante, estarmos o tempo todo de bom humor. Precisamos, acima de tudo, aparentar, sermos e termos, mais do realmente somos e temos. Expor nossos problemas? Não, não, isso seria inadmissível, iriamos contra as regras e correríamos o risco de sermos ridicularizados e desprezados, pareceríamos fracos. – A palavra “fraqueza”, hoje em dia, já está quase extinta do dicionário, pode procurar – .

O grande problema, é que, na vida, nem sempre conseguimos o que queremos, ou somos tão bons como desejaríamos ser, ou sequer, tomamos as melhores decisões. As vezes, não conseguimos ter ao lado a pessoa que amamos, ou o emprego dos nossos sonhos, ou o ultimo modelo de iPad, muitas vezes, não conseguimos sequer, ter um smartphone de qualidade, para que possamos tirar “fotinhas” no Instagram e compartilhar nas redes sociais para que nossos amigos possam ver, o quão “felizes” nós somos. 

Acredito que precisamos de mais verdadescomo meu amigo diz –, conosco mesmo e com nossas relações interpessoais. É necessário, que sejamos mais abertos, pacientes e que criemos condições de nos ajudarmos uns aos outros, ao invés de apenas nos vangloriarmos dos nossos feitos, em nossas “vitrines” marketeiras. Sinceramente, não acredito em ninguém que aparente ou se apresente como 100% satisfeito. Todos nós temos medos, temores e problemas. Julgo ainda, que este seja um processo comum e necessário, para nossa própria evolução, no que se refere ao enfrentamento dos problemas da vida. A grande verdade é que todos temos defeitos e ninguém consegue ser perfeito. Sendo assim, creio que todos nós, podemos e devemos, nos reservar o direito, de não nos sentirmos obrigados a sorrir a todo momento, e sim, viver aquele sentimento até que um dia, o tempo o leve para longe.



PS: segundo uma pesquisa alemã, o Facebook traz infelicidade

* Nome e depoimento fictícios.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Milágrimas


Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre
A cada milágrimas sai um milagre. 

Itamar Assunção

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Sincronicidade, uma força presente, diariamente, em nossas vidas


Acredito muito em sincronicidade, na ligação entre os acontecimentos. O termo sincronicidade foi desenvolvido pelo psiquiatra Carl Jung, (você já deve ter ouvido falar de Jung, no filme que estava em cartaz nos cinemas a um tempo atrás, chamado “Um método perigoso”. O filme apresentava o nascimento da psicanálise a partir da relação desenvolvida entre Freud e Jung) onde ele afirma que a ligação entre os acontecimentos, em determinadas circunstâncias, pode ser muito mais do que apenas casualidade.

Vou contar então, o que aconteceu hoje, e que talvez valha a pena o relato.

Estava eu, em casa, me preparando para tomar banho, quando me lembrei que tinha acabado o shampoo e o condicionador. Foi então, que decidi ir até o supermercado comprar estes dois itens. Chegando lá, não fui direto para a sessão de banho, fui parar em frente as geladeiras onde ficam armazenados os sorvetes. Eu não estava com absolutamente nenhuma vontade de tomar sorvete, fiquei observando a geladeira por um tempo e acabei escolhendo um pote. Sai do supermercado, com o sorvete, o shampoo, o condicionador e além disso, ainda comprei um potinho de chocolate io-io que voltei o caminho para casa comendo com o dedo.

Ao chegar em casa, vi um homem no portão do vizinho. Ao me ver entrando em casa, veio me pedir por favor, para que eu desse para ele leite e açúcar para que pudesse alimentar suas filhas. Confesso, que não gosto de dar dinheiro a ninguém, mas quando alguém me pede comida, acho até um pecado negar.

Entrei em casa, fui até a dispensa, ao armário da cozinha, abri a geladeira e sem ser pega de surpresa, não encontrei absolutamente NADA que eu pudesse dar aquele homem. Aqui em casa, não temos o costume de cozinhar, então, confesso que é raro ter alimentos não perecíveis em algum desses locais. Então, não havia absolutamente nada que eu pudesse dar para aquele homem.

Foi ai, que vi o sorvete que tinha acabado de comprar, em cima da mesa. Sem ter absolutamente nenhuma dúvida, peguei aquele pote e levei até o portão. Expliquei que em casa não temos o costume de cozinhar e por isso, geralmente não temos esse tipo de alimento em casa, mas, que eu tinha acabado de comprar aquele sorvete e que ele então poderia levar. O homem ficou surpreso, eu confesso. Abriu um sorriso e foi-se embora levando o pote.

Você pode achar que é delírio meu, mas, são momentos como esse que vejo a ligação entre os acontecimentos, onde as forças se atraem, e coisas inesperadas acontecem. Acredito, realmente, que aquele pote de sorvete, não era para ser meu por duas simples razões: a primeira e mais obvia é que eu não estava com nenhuma vontade de comer sorvete. E a segunda, é que escolhi um sorvete sabor Negresco. Para quem não sabe, eu não gosto de sorvete de chocolate e nem com pedaços de chocolate. Na verdade, não gosto de chocolate de um modo geral e apesar disso, acabei comprando um sorvete com sabor de chocolate, sem nem sequer gostar.

Esse tipo de coisa, me acontece a todo momento. Desejo um vaga para estacionar o carro, e ela aparece; Sinto vontade de comer costelinha de porco e quando chego do trabalho, lá estão elas, prontas, do jantar que minha avó fez. Esses são exemplos simples, que acontecem repetidamente em minha vida. Acredito que o universo trabalha engrenado, onde acontecimentos “aleatórios” acontecem para que no momento correto venham a se encontrar. Acaso ou não, a idéia de sincronicidade nos faz refletir sobre os acontecimentos em nossas vidas, e como isso pode nos afetar positivamente ou negativamente.

Alem disso, penso ainda, como sou sortuda e como a vida me é sempre, muito grata. Eu, diferentemente daquele homem, caso deseje, posso muito bem ir ao supermercado e comprar outro pote. Acredito que devemos olhar mais para nossos semelhantes, agradecer por tudo o que recebemos e sempre, sempre ajudar ao próximo em um momento de dificuldade. 

O ardor da vida é diário e incessante.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Árvore sem raiz, não fica em pé


Voltei a acessar o Twitter. Minha conta estava inativa havia mais de 1 ano. Sem apego nenhum, deletei tudo o que tinha postado anteriormente e estou começando do zero. Essa atitude de “apagar meu passado”, sem nenhum apego, me fez pensar em como a interação que desenvolvemos com o mundo virtual e com as pessoas nele presentes são, em sua grande maioria descartáveis e superficiais.

Começamos e terminamos relacionamentos num piscar de olhos. Como as ondas do mar que vem e vão, criamos laços frágeis em um meio de comunicação cada vez mais superficial. Com a rapidez de apenas um clique delete, podemos excluir de nossas vidas aquele amigo baixo astral, aquela prima ativista, aquela tia inconveniente, etc. 

Em sua grande maioria, os assuntos não são tratado da forma e com a importância que deveriam, tornando-se assim banais. Essa falta de contato entre pessoas no mundo físico faz com que elas se sintam mais inseguras quanto a força daquele relacionamento, desenvolvendo-se assim um elo frágil, que pode ser rompido a qualquer momento. Nada nos garante sua continuidade.

Além disso, pelo fato dos relacionamentos atuais se darem em sua maior parte no mundo virtual, abrimos margens para interpretações dúbias. Você já parou para pensar em quantas vezes foi interpretada de forma errônea ou não conseguiu se expressar como gostaria? Ou então, a quantidade de vezes em que foi você, que não conseguiu entender direito o que a outra pessoas estava querendo te dizer?  Todos nós, seres humanos, a partir da nossa bagagem cultural e do estado mental que nos encontramos, tiramos inúmeras conclusões sobre os assuntos que nos são apresentados. No caso de uma “conversa” online, por SMS ou por WhatsApp,  as chances de que essa conclusão seja desenvolvida de forma incorreta e/ou incompleta é muito maior, pois não existe “troca” instantânea, nem real de informações, opiniões, sensações e sentimentos que geralmente são desenvolvidos em um diálogo. A “troca” desenvolvida no bate-papo é sempre moderada, de forma automática, por você, na hora de transcrever o que está pensando.

Essa falta de entendimento na comunicação gera ansiedade e um distanciamento ainda maior entre as pessoas. A ausência do diálogo, impede que as relações sejam aprofundadas e a transferência de afeto e sentimentos se tornam quase nulas, o que faz com que não exista um cuidado por aquela relação que está sendo desenvolvida.

Tenho um amigo, que considero como um irmão. Nos conhecemos no trabalho e desde o início, a relação desenvolvida entre nós sempre foi de muito cuidado. Quase todas as vezes em que nos encontramos, ele me lembra e enfatiza como é importante aquele encontro e de como ele gosta de estar presente ali, naquele momento; do ato de conversar olho no olho; de perceber as reações  que desenvolvo a partir de cada palavra que ele pronuncia; etc. Ele sempre me fala, de uma forma até engraçada, como é importante que percebamos a “verdade” das coisas, os sentimentos que elas trazem para as nossas vidas. Essa verdade é a que consideramos importante, a verdade de sentimentos, de relacionamentos. E é essa verdade que desejo continuar buscando em todos os momentos da minha vida. 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Mesmo que a porta esteja aberta,
pode ser que a pessoa que você procura
não esteja mais lá.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

As vezes, a vida da um jeito de você
superar desejos e vontades. 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Escrever é uma dor

“Ninguém ama escrever, escrever é uma dor.” Li essa frase a algum tempo atrás em uma entrevista que o guru dos roteiros de Hollywood, Robert McKee, deu ao Estadão. Nessa reportagem ele falava sobre a dificuldade da escrita, sobre o quão trabalhoso é para se conseguir desenvolver uma ideia, onde, é necessário, nos sentarmos na cadeira, nos concentrarmos e nos esforçarmos para tal. Tirando Pablo Neruda, que um dia falou: – Escrever é fácil: Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias. Acredito que o desenvolvimento de ideias interessantes, deve ser trabalhoso para todo mundo.

Estava eu, hoje de manhã, a caminho do trabalho e pensando em tudo isso. Perdida em meus pensamentos e com dificuldade de encontrar um assunto, em que eu acreditasse, que realmente valeria a pena discorrer sobre. Foi nesse momento, que eu percebi que havia passado da entrada que precisava pegar na marginal e que, com isso, seria preciso fazer um retorno a, no mínimo uns 10 km a frente.  No meio disso tudo, sobre encontrar um tema, aliado a minha falta de atenção ao desenvolver a ação que eu estava fazendo naquele momento, BINGO, lembrei de uma palestra, que um amigo me passou a pouco tempo atrás, onde o “palestrante” indagava as pessoas sobre o fato delas estarem realmente ouvindo o que ele estava falando. Não apenas escutando, mas ouvindo, com toda a sua atenção, com todo o seu ser, sem fazer julgamentos, apenas ouvindo e assimilando, como a real pureza do ato de escutar alguém ou alguma coisa, estar 100% presente, focado na pessoa e no assunto que estava sendo discutido.

Em nossa sociedade atual, um dos novos hábitos desenvolvidos é o costume de estarmos, 24h por dia, conectados com nossas respectivas “vidas” online. As pessoas estão adquirindo o costume de, ao mesmo tempo em que estão conversando com um amigo, independente da situação, encontro no bar, almoço, entre outras atividade, estão também, conectadas ao celular, checando se tem novas atualizações no Facebook, Twitter, Gtalk, Whatsapp entre outros diversos e atuais recursos de “conectividade”. Desenvolveu-se o desejo, de estar sempre em vários lugares ao mesmo tempo. Ser sempre o primeiro e dessa maneira, nunca perder o último acontecimento na vida daquela sua amiga que, assim como você, foi encontrar uma outra amiga no bar e também está postando fotos "a live" no Instagram e Facebook, de como feliz está sendo aquele “encontro”

 Com essa atitude, deixamos de dar a devida atenção, aquela pessoa que, nos propusemos a passar algum tempo juntos na vida "offline". Estamos nos tornando cada vez mais individualistas, onde o mais importante, deixou de ser viver a vida de forma plena. Agora, o principal é ser sempre o primeiro, ter mais likes, mais amigos, mais comentários, receber mais mensagens, etc. É sempre mostrar o quão feliz você é e está, ao invés, de realmente viver o momento presente. Adquirimos a “habilidade” de estar 100% de corpo presente, mas não passamos de 60% de presença espiritual. São nesses momentos, que o “desenvolvimento” tecnológico, começa a trabalhar em nossas vidas de forma negativa.  Precisamos, antes de tudo, aprender a equilibrar a vida online e off-line para que elas não interfiram, de forma negativamente, uma na outra. É essa frieza de relacionamentos e descartabilidade que você realmente deseja para sua vida?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Quem quer se livrar de um vício,
não pode adiar.

Marisa Rigon

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A busca pela atualização e o bombardeio de informações

Quarta-feira, é o meu dia preferido da semana. Sempre que eu explico o porque para as pessoas, elas acham graça pois, não vêem a menor lógica no que eu falo. Mas,  mesmo assim, eu vou explicar pra vocês. Quarta-feira, é o meio da semana, é o dia que se começa a anunciar que, a Sexta-feira, e com ela o final de semana, está chegando. Depois da quarta, só resta a quinta, que já é muito próxima da sexta. Gosto na verdade, é da expectativa que a quarta me trás, expectativa está, que anuncia os momentos de lazer ou ócio que poderei ter em breve.

A um tempo atrás, escrevi aqui no blog sobre a minha preocupação em conseguir me manter atualizada sobre tudo o que estava acontecendo ao meu redor. Deve dizer que, percebo uma ligeira diferença em relação ao meu comportamento quanto a absorção de informações, meus dias estão rendendo mais e estou conseguindo resolver algumas coisas, que antes deixava sempre para depois. Não só o Facebook, como a internet de um modo geral, nos bombardeia com informações diariamente. Mas esse bombardeio de informações não é pequeno. É como se fosse o início da Guerra do Golfo, (o início da Guerra do Golfo é considerado um dos maiores bombardeios da história. Foram mais de 18 mil toneladas de explosivos) só que ao invés de bombas, são informações que soltam em nossas direções.

Eu utilizava o Facebook como um agrupador dos portais de informações que geralmente me interessavam, onde, todas as informações eram reunidas na Timeline. Agora, sem a rede social, eu acesso o Google Reader para ler as notícias ou novidades que, antes, me caiam no colo, com o simples ato de dar scroll pela Timeline. Foi ai que percebi então, que pelo Reader, eu leio como prioridade as matérias que realmente me interessam, diferentemente do que acontecia com a rede social, onde, muitas vezes, com aquela chamada atraente e uma foto bonita, me impulsionava a abrir a página e ler mais uma matéria. Eu queria ler quase tudo, abria milhares de páginas ao mesmo tempo e, muitas vezes, eram assuntos que não me interessariam normalmente e que eu não iria atrás em outros momentos, o que fazia com que a página ficasse aberta no meu computador por dias, até que eu tivesse um momento de ócio para concluir a leitura.

O que acontece agora, é que utilizo um pouco mais o meu filtro pessoal, para ir atrás de assuntos que realmente estão me interessando naquele determinado momento. Nós, recebemos informações demais, todos os dias. Não apenas através da rede social, podemos incluir aqui a internet de modo geral, os celulares, e-mails, o rádio, a televisão, os outdors, etc. Segundo uma pesquisa publicada na revista Science, diariamente somos bombardeados com uma quantidade de informações equivalentes a 174 jornais.

Para mim, um dos grandes problemas desse excesso é a dificuldade de concentração, a dificuldade na tomada de decisões, o desenvolvimento da ansiedade entre tantas outras contra indicações. Temos sempre, um leque tão grande de opções da mão, que sempre fica muito difícil escolher apenas um. Estamos sempre analisando, o que estaremos perdendo, no momento em que fizermos uma nova opção, por mais simples que ela seja, como por exemplo na hora do almoço, escolher entre carne assada, carne cozida, almôndegas, lombo, costela, peixe assado, peixe cozido, peixe frito, peixe empanado, frango assado, coxa de frango, nuggets, filé de frango, arroz branco, arroz integral, espaguete, lasanha, rissole, etc, etc e etc. Em apenas 30 segundos, já fiquei em dúvida sobre o que vou almoçar – isso porque eu nem mencionei as saladas, que é a minha parte preferida –. A solução, acaba sempre sendo, pegar um pouco de cada coisa, apenas, para não passar vontade. É viver como se o dia de amanhã fosse tão incerto onde pode ser que amanhã, a almôndega deixe de existir. Então por isso, eu tenho que come-la hoje, junto com o frango e o peixe grelhado que também coloquei no prato.

Essa enxurrada de informações é tão grande, que as vezes o cérebro não consegue filtra-la e raciocinar direito. Podendo dificultar nossas tomadas de decisões, e muitas vezes, nos paralisar do ato de seguir em frente. Por isso, acredito que o grande desafio que temos, é selecionar o que é realmente relevante para o nosso trabalho e para as nossas vidas. Deixando de lado, o que não terá tanta utilidade. Temos um limite, que deve ser respeitado. Esse limite, está na cabeça de cada um, é necessário encontrar o meio  termo, se utilizando do bom senso, para que assim se tenha uma vida mais equilibrada.

Acho ainda, válido pensar, que informação é diferente de conhecimento. Não é porque temos acesso as informações, e muitas vezes as lemos superficialmente que, adquirimos conhecimento daquilo que foi abordado. A mídia nos bombardeia diariamente com informações, mas não com conhecimento. Para adquirir o conhecimento, a relação desenvolvida com a informação tem de ser diferente. Exige pesquisa, raciocínio, crítica, digestão, pensamento e mais algumas coisas.

Nesse vídeo que assiti hoje, criado pelo Studio Smack, é possível ver claramente o bombardeamento de informações que recebemos diariamente em nossa vida off-line. – O que já é MUITA informação. – Com um efeito simples de contraste, deixaram em evidência, todo o tipo de informações que recebemos diariamente na rua, informações essas que, de tão acostumados, muitas vezes, nem percebemos que estão nos impactando. 


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Nola


Ele poeta,
queria ser diferente,
não aceitava chama-la
com apelidos triviais.

Ela exigente,
só reconheceria como seu,
se sentisse identificação.

Lançou-se o desafio.
Queria algo singular.
Almejava, tocar o coração dela.

Foram feitas exigências:
4 a 5 letras no máximo;
Ligeiro e divertido;
Uma letra ou sigla de seu nome.

Diversas lutas, 
guerras e batalhas,
foram travadas.

Inicialmente,
nada tocou seu coração.
Ela era difícil de agradar.

Sentados a margem do Rio Senna,
em um ensolarado dia de verão,
a chamou: “Nola?”
Ela sorriu, o olhou com ternura
e nada falou.

Estava resolvido.
Nada mais que fosse criado,
a agradaria tanto quanto este.
O poeta cedeu,
e este ficou.