terça-feira, 23 de abril de 2013

O desprendimento do julgamento


O ser humano é um ser pensante. O poder do pensamento nos possibilita, através da observação e aprendizado, a capacidade de desenvolver ideias e opiniões. Ao desenvolvermos nosso raciocínio, automaticamente acreditamos que desenvolvemos o “poder” de julgarmos uns aos outros. Esquecemo-nos que cada cabeça é um mundo, com sua própria moral, realidade e sensibilidade.

O ato de julgar faz parte do nosso dia-a-dia, é tão fácil desenvolve-lo que muitas vezes nem sequer percebemos que o estamos praticando. Julgamos a tudo e a todos através de suas roupas, sua aparência, seu modo de falar, seu status social, suas escolhas, seus pensamentos, e assim por diante.

Hoje eu assisti a um comercial que me fez relembrar alguns dos meus pensamentos. O quanto julgamos o comportamento e os pensamentos dos outros. Mas, muito mais do que isso, o quanto estamos condicionados a não enxergar e ignorar os problemas e algumas pessoas que estão ao nosso redor. Assista ao comercial e entenda um pouco mais o que quero dizer: 


 


Esse comercial representa nitidamente esses dois paradigmas em apenas 1 minuto e nos faz perceber o quanto, a partir de nossas vivências, nossas ideias pré-estabelecidas e nossos pré-conceitos, acreditamos que somos capazes de premeditar as atitudes e pensamentos dos outros indivíduos. Como no comercial apresentado, em um gesto de defesa e blindagem, nos auto preservamos, desenvolvendo um bloqueio antes mesmo que o “ataque” seja feito.

De quebra, o filme escancara uma realidade que não queremos ver. O nosso próprio preconceito e inércia referente as diferenças sócio econômicas advinda do capitalismo. Ao solicitar uma ajuda a criança recebe uma resposta mecânica dos transeuntes, a partir dessa automação de respostas como: “hoje não têm como” ou “não tenho”, as transformamos em seres invisíveis, pelo simples ato de projetarmos uma imagem de pessoa anulada, insignificante para o sistema. Essas respostas pré-estabelecidas são provenientes dos nossos preconceitos estabelecidos de que pessoas em situações precárias, ao se aproximarem incomodam, sendo assim, não desejamos vê-las, sendo mais fácil ignora-las.

O choque acontece quando a criança insiste e informa que não é dinheiro o que ela deseja e sim o esclarecimento de uma dúvida de português. Quantas vezes já não fomos surpreendidos, ao desenvolvermos uma imagem de alguém e recebermos como resposta algo totalmente inesperado, fora da nossa “caixa” de pensamentos? Este comercial é um exemplo claro de como permitimos que nossos pensamentos e preconceitos interfiram na completude das relações que desenvolvemos.

O filme, apresenta uma realidade presente no dia a dia de todos nós, seres racionais e emocionais. Com isso me pergunto, quantas oportunidades nós deixamos passar,  a partir do momento que preferimos julgar o outro, nos fechando para o “estranho” ao invés de expandirmos nossos seres a um novo universo de pensamentos? 





Hoje te faço um convite, praticar um exercício de reflexão. A idéia é simples: o exercício consiste na experiência do “desarmamento”. Permitimo-nos abrir espaço, para quem ou o que quer que seja, sem que nossas ideias, pré-estabelecidas, interfiram. Desta forma, abrindo caminho para novas possibilidades.

3 comentários:

  1. Gostei de tudo que você escreveu Ju, mostra como nossa cultura de crescimento nos torna "pobres" e com julgamentos sujos (preconceituosos).

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  2. Ju, uma verdadeira aula de humanidade, valorizando aquilo que é mais importante na vida, os seres! Parabéns e gratidão

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