terça-feira, 2 de julho de 2013

A grosseria retorna em forma de flores

Hoje eu vim contar/relatar uma história que aconteceu comigo e que considero de muita relevância. Sempre acreditei ser importante estarmos abertos para o que a vida tem a nos ensinar.

Para quem não sabe, estou viajando e semana passada, precisei pegar um trem para de locomover de uma cidade a outra, até ai tudo bem, tenho a “convicção” de que com um mapa na mão, tudo se resolve. Pois bem, minha dificuldade começou logo no início, na hora de comprar o bilhete para embarcar no trem. A questão é que, todas as informações estavam em inglês e eu confesso que não estava conseguindo entender muito bem, como funcionava aquele sistema de compra que não especificava o percurso que eu poderia percorrer com aquele ticket. ­­­– Devo confessar, que sinto falta do contato pessoal, de ter uma pessoa para te vender o bilhete e te esclarecer dúvidas quando você possa vir a tê-las.  Pois bem, eu me encontrava ali, em frente a uma máquina, que me fazia perguntas que eu não sabia responde-las com exatidão.

Calculei mentalmente que estava parada em frente aquela máquina a aproximadamente uns 3 minutos, percebi também o momento que uma pessoa chegou e formou a fila atrás de mim, não demorou nem 30 segundos e já começava a apresentar sinais de nervosismo pela minha “demora”. Sentia a respiração ofegante, o tamborilar do pés, algumas bufadas e algumas palavras inaudíveis. – Confesso que comecei a achar graça naquilo, eu já estava começando a ficar nervosa com a máquina e tentando resolver meu “problema” da forma mais rápido possível. –

Passados mais 15 segundos, quando eu já não aguentava mais sentir aquela respiração ofegante no meu “cucuruto”, virei para trás na intenção de falar: pode usar moço, eu espero. Mas, para minha surpresa, ele foi mais rápido, começou a se encaminhar em direção a outra máquina ao lado, bravo e me questionando de forma irônica, se eu estava fazendo aquilo de propósito. Fiz cara de “chocada” e dei um risinho. Por sorte chegou um garoto que começou a me auxiliar e me explicou como funcionava o sistema de bilhetes e qual eu deveria comprar.

Entrei no trem e após duas estações, o mesmo homem que ficou bufando e reclamando no meu cangote entrou. Se posicionou na minha frente, de costas, segurava alguns papéis na mão e começava a contar sua história. Contou que havia saído da prisão à 3 meses, não encontrava emprego, morava nas ruas e por isso estava pedindo esmola.

Dei a ele 1dollar e e só ai foi que ele me reconheceu. Olhou pra minha cara, incrédulo, sorriu e agradeceu. Continuou pegando dinheiro de mais algumas pessoas e depois voltou para perto de mim. Me olhava a cada 5 minutos, sorria e novamente agradecia. Ao total, acredito que recebi aproximadamente dez “muito obrigado” e uns quinze sorrisos que eram acompanhados de risadas e dedos sendo apontados para meu rosto. Seu olhar dizia: Hey garota, eu lembro de você. Me desculpa e obrigado.

O obrigado que ele me projetava, não era de agradecimento pelo dinheiro, era um obrigado de agradecimento por eu te-lo "ajudado" a enxergar, mesmo depois da grosseria desferida a mim. Era um agradecimento que simbolicamente significava muito mais do que um simples obrigado, tinha incrustado dentro de si significados mais profundos, como por exemplo o de não guardarmos rancor, ou/e reafirmar que ele pode ver a vida de outra forma, onde, coisas boas podem nos acontecer a qualquer momento, basta apenas que estejamos abertos a isso. Ele, muito mais do que muita gente, merece os parabéns por ter a humildade de reconhecer o erro cometido e, sem palavras, compreender que a vida é muito mais do que apenas "um dia ruim". 


Aqui minha mãe merece outro ponto, pois, sempre me ensinou que não devemos retribuir uma grosseria com outra grosseria e sim com um sorriso.


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7 comentários:

  1. Lindo, Ju! Nada como uma experiência edificante como esta para nos fazer "ganhar o dia". Mas é preciso ter olhos para ver o que, de fato, importa. E você os tem. Parabéns! Bjs!

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  2. O vento existe.
    Independente de juízos de valores, se fizermos algo, provavelmente voltará para nós, de uma forma ou outra, ela volta.
    Grande exemplo disso é a experiência sua e do cara.

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    1. Sim, com certeza existe. E se permitirmos, ele nos levará a lugares excepcionais..

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  3. Não guardar rancor,
    e retribuir com um sorriso.
    Um gesto de altruísmo,
    despertando nosso valor.

    Muito obrigado Nola!!! :)

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